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Dolarização de patrimônio: por que investir em dólar?

Você ainda deixa todo o seu patrimônio apenas em moeda brasileira? Se você faz isso, saiba que tende a ser uma péssima escolha a longo prazo! Além de se desvalorizar em relação ao dólar, o real costuma perder valor mais rápido do que a moeda americana. Explicamos porque isso acontece e os motivos irrefutáveis que embasam a tese de manter investimentos em dólar.

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O dólar americano é, sem dúvidas, uma das moedas mais influentes e amplamente negociadas no mundo. A sua posição dominante nas transações internacionais bem como a sua importância no comércio global são alguns dos fatores que o tornam uma moeda forte.

Para brasileiros, em especial, investir em dólar pode ser uma excelente estratégia de proteção financeira, dado o contexto econômico do Brasil, um país em desenvolvimento com frequentes desafios fiscais e instabilidade econômica.

O principal ponto que você precisa entender é que, a longo prazo, o dólar tende a valer mais do que o real. Historicamente, isso é mais do que provado: a moeda americana tem se tornado cada vez mais forte, ao longo de anos e décadas! Isso tende a continuar acontecendo, e você pode ter muito a ganhar investindo em dólar daqui em diante.

Neste artigo, você irá compreender as razões pelas quais o dólar é uma moeda forte e por que ele pode ser uma excelente opção de investimento, especialmente para quem vive em países com economias mais vulneráveis, como é o caso do Brasil.

Porque investir em dólar é uma questão de legítima defesa?

Viver, trabalhar, empreender e investir no Brasil não é para amadores! Um país marcado por um cenário econômico com alto grau de instabilidade, inflação persistente, depreciação da moeda local e gestão fiscal questionável em grande parte do tempo faz com que os brasileiros frequentemente sofram para proteger o poder de compra do seu dinheiro e o valor dos ativos que compõem o seu patrimônio.

Uma das estratégias mais eficazes e frequentemente recomendadas por economistas e analistas financeiros é o investimento em moedas fortes, principalmente, o dólar. Para muitos, essa decisão não é apenas uma escolha financeira, mas uma questão de legítima defesa frente aos riscos econômicos enfrentados por quem vive em um país subdesenvolvido de economia turbulenta, como o Brasil.

O risco Brasil é um conceito crucial para quem deseja entender os desafios que os investidores e cidadãos enfrentam ao lidar com a economia do país. Como um mercado emergente, o Brasil apresenta uma série de particularidades que o tornam mais vulnerável a crises internas e externas, quando comparado às maiores economias do mundo, como os Estados Unidos e países da União Europeia.

Esses riscos envolvem aspectos políticos, institucionais, econômicos e estruturais que afetam diretamente o poder de compra, a rentabilidade dos investimentos e a estabilidade financeira de quem vive no país. Em conjunto, esses riscos tornam os investimentos feitos no Brasil mais vulneráveis. Entre os principais fatores que afetam a economia brasileira estão:

1. Alta volatilidade

Em termos econômicos, o Brasil sofre com uma elevada volatilidade, o que o torna um mercado mais arriscado e com maior potencial de perdas. Ativos cotados em reais estão sujeitos a uma série de variáveis internas e externas, como mudanças na taxa de juros, desvalorização da moeda e instabilidade política.

Um exemplo disso é o desempenho do Ibovespa (principal índice de ações da Bolsa de Valores brasileira) que, em muitos períodos, não consegue superar o rendimento do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) — o benchmark que reflete a rentabilidade dos ativos considerados mais seguros para se investir no Brasil. Isso se configura como uma distorção, pois, apesar do maior risco envolvido, os investidores muitas vezes não têm um retorno superior ao que seria obtido em ativos de baixo risco, como aqueles que acompanham o CDI. Esse comportamento reflete a alta incerteza e a desconfiança no mercado brasileiro, que impede o crescimento mais consistente dos ativos locais.

Ao contrário, em países como os Estados Unidos, o mercado de ações tende a valorizar-se de maneira consistente ao longo do tempo. O índice S&P 500, por exemplo, tem apresentado uma rentabilidade superior aos juros de longo prazo em boa parte da história, refletindo uma economia mais estável, com políticas fiscais e monetárias mais previsíveis e um mercado de capitais mais maduro.

A valorização do mercado acionário americano está atrelada a uma série de fatores estruturais, como o alto grau de liberdade econômica, elevada segurança jurídica, o crescimento sustentável da economia e uma moeda forte, o dólar, que ajuda a proteger o poder de compra da população e a atratividade dos investimentos.

2. Instabilidade política

A instabilidade política é outro pilar do risco Brasil. O país tem passado por ciclos de turbulência política, com escândalos de corrupção, mudanças abruptas de políticas econômicas e descontinuidade de projetos de longo prazo. Essas questões dificultam a previsibilidade econômica e geram um ambiente de incertezas que afastam investidores, especialmente os estrangeiros, e aumentam o custo do capital no país.

Além disso, o Brasil enfrenta uma distorção fiscal crônica, com altos níveis de endividamento público e uma agenda fiscal muitas vezes incompatível com a necessidade de crescimento sustentado.

3. Inflação

A inflação também é um risco constante para a economia brasileira. A inflação do real historicamente tem sido muito mais alta do que a inflação das economias desenvolvidas, como a dos Estados Unidos. Enquanto a meta de inflação do dólar é de cerca de 2% ao ano, a inflação brasileira historicamente oscila em patamares mais elevados, de forma mais volátil, o que impacta diretamente o poder de compra da população e os rendimentos de investidores que estão expostos a ativos denominados em reais.

4. Incertezas globais

Além dos desafios internos, o Brasil não está imune às flutuações do mercado global. Conjunturas externas, como crises financeiras, mudanças nas taxas de juros internacionais e variações nos preços das commodities, impactam diretamente a economia nacional e o desempenho dos ativos denominados em reais.

O conjunto desses problemas estruturais fazem com que o Brasil seja frequentemente comparado a outros países com economias emergentes e mais instáveis, nos quais a incerteza política e econômica é uma constante. Devido a isso, para os investidores brasileiros, a exposição excessiva à economia nacional pode representar um risco elevado, que afeta diretamente a rentabilidade de seus ativos e a segurança do seu patrimônio.

Por isso, a diversificação geográfica e a busca por ativos em moedas mais fortes, como o dólar, se tornam estratégias essenciais para proteger o patrimônio. A diversificação internacional permite reduzir a exposição aos riscos domésticos e garantir uma rentabilidade mais estável e com maior previsibilidade ao longo do tempo, além de diminuir a dependência da instabilidade política e econômica do Brasil.

Em um contexto de economia globalizada e repleta de incertezas, investir no exterior e em ativos denominados em dólar é uma maneira de mitigar os impactos do risco Brasil e preservar o valor do patrimônio a longo prazo.

Por que o dólar é tão forte?

Primeiro de tudo, eu tenho que te contar que o dólar ocupa um espaço especial na mente das pessoas, ele inspira confiança.

Com mais de 200 anos de existência, a moeda americana é considerada um porto seguro pelas pessoas ao redor do mundo todo. Indivíduos, famílias e empresas preferem manter reservas em dólar do que em outras moedas mais fracas.

Isso significa que o dólar não deixará de existir da noite para o dia e que a moeda americana não perderá facilmente o protagonismo em relação às demais moedas. É por isso que as pessoas depositam alta confiança em manter patrimônio em dólares.

Agora você provavelmente está se perguntando: de onde vem tanta confiança no dólar?

In Dollar we trust - no dólar nós confiamos!

A confiança no dólar é o reflexo da sua força, que se fundamenta na magnitude da economia americana e no seu grau de desenvolvimento, em conjunto com uma série de fatores históricos, econômicos e institucionais que consolidaram sua posição como moeda de reserva global.

Vamos explorar agora os aspectos que tornam o dólar uma moeda forte, destacando seus pilares de estabilidade, confiança, e o papel que desempenha no comércio internacional e nas finanças globais.

1. Bons fundamentos da economia dos EUA

A confiança no dólar tem tudo a ver com os bons fundamentos da economia americana: os Estados Unidos são destaque no ranking de países com maior grau de liberdade econômica, classificado no grupo de países predominantemente livres (Mostly Free), conforme apresentado no infográfico abaixo. Isso se traduz num ambiente altamente propício à geração de negócios.

Fonte: Heritage.Org - 2024 - https://www.heritage.org/index/pages/country-pages/united-states

A pujança da economia americana, aliada a um ecossistema mais livre e mais seguro para empreender, impulsiona a atração de investimentos para os Estados Unidos e fortalece o dólar.

2. Moeda mais negociada e reserva global

O dólar é hoje a moeda mais negociada no mundo, enquanto o real passa longe de aparecer no topo deste ranking. Basta olhar para o grande volume de bens e serviços que são internacionalmente cotados em dólar, por exemplo, as commodities: ouro, petróleo, minério de ferro etc.

Além disso, o dólar americano é a moeda dos Estados Unidos e de vários outros países. É a principal moeda de reserva do mundo e é mantida pela maioria dos bancos centrais e bancos comerciais globalmente. Devido à sua ampla adoção, o dólar americano também responde por cerca de 88,3% das negociações diárias no mercado de câmbio (fonte: CMC Markets).

Através da prática de acumulação de reservas em dólar, os países buscam garantir a estabilidade de suas economias e proteger-se contra crises cambiais. No Brasil, por exemplo, o Banco Central mantém uma parte significativa de suas reservas em dólar, o que reflete a confiança na moeda americana como uma fonte de segurança e estabilidade.

Essa característica global do dólar é um fator-chave para a sua valorização. Mesmo em momentos de instabilidade no mercado financeiro, o dólar tende a ser visto como um porto seguro, com investidores buscando refúgio em sua força, o que amplia ainda mais sua demanda.

3. Estabilidade do dólar durante crises

Nos momentos de crise econômica global, como durante a crise financeira de 2008 e a pandemia de COVID-19, o dólar demonstrou uma característica única: a sua capacidade de manter-se forte, ou até se valorizar, quando outros ativos entram em colapso. Isso ocorre porque, devido à sua enorme liquidez e confiança universal: o dólar se torna a escolha preferencial de investidores que buscam segurança.

Para os brasileiros, essa característica do dólar é ainda mais relevante. O Brasil, por não ser um país desenvolvido, frequentemente enfrenta instabilidade política e econômica, o que resulta em desvalorização de sua moeda local, o real. Em períodos de crise, com o aumento da inflação, recessão ou desvalorização da moeda, o dólar tende a se valorizar face o real, o que pode proteger o poder de compra dos investidores brasileiros.

4. O impacto das taxas de juros americanas sobre a força do dólar

Um fator importante que sustenta a força do dólar é a política monetária dos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed), Banco Central americano, tem uma grande capacidade de influenciar a economia global por meio das suas decisões de taxa de juros. Quando o Fed aumenta as taxas de juros, o dólar tende a se valorizar, pois os investidores buscam rendimentos mais altos em ativos denominados em dólar, especialmente em títulos públicos federais, considerados como os ativos mais seguros no mundo para se investir.

Além disso, o fato de os Estados Unidos serem uma economia com inflação controlada em relação a muitos países emergentes contribui para a atração de capital internacional, o que fortalece ainda mais a moeda americana. Para o investidor brasileiro, que enfrenta uma taxa de juros interna mais volátil e por vezes elevada, a possibilidade de diversificar sua carteira com ativos em dólar pode representar uma vantagem importante.

5. Inflação bem comportada

A inflação histórica nos Estados Unidos tem sido, em geral, mais moderada e controlada se comparada à inflação em economias emergentes. Isso faz com que os agentes econômicos (indivíduos, famílias, investidores e empresas) depositem alta confiança no dólar, devido à sua estabilidade, o que se reflete num maior grau de manutenção do poder de compra da moeda americana no decorrer do tempo e menor corrosão do patrimônio ligado ao dólar. Em contraposição, o cenário em economias emergentes, como o Brasil, costuma ser de inflação mais elevada e consequente perda do poder de compra de forma mais acelerada e corrosão patrimonial mais intensa em um mesmo período de tempo.

Para entender essa diferença, é importante analisar alguns fatores econômicos, políticos e estruturais que influenciam a inflação em cada contexto. Vamos dividir isso em duas partes: a história da inflação nos Estados Unidos e as razões para a moderação da inflação neste país em comparação com países emergentes.

5.1. História da inflação nos Estados Unidos

Ao longo dos últimos 100 anos, os Estados Unidos experimentaram períodos de inflação alta e baixa, entretanto, de maneira geral, a inflação tem sido relativamente moderada na maior parte do tempo, o que fica ainda mais evidente quando comparada à inflação de muitos países em desenvolvimento.

No gráfico abaixo, é possível observar a evolução da taxa de inflação nos EUA, expressa pelo indicador PCE desde a década de 1960:

Fonte: Trading Economics, US Bureau of Economic Analysis.

Nas últimas décadas, a inflação na economia americana apresentou algumas nuances que podem ser consolidadas da seguinte forma:

. Década de 1970: foi um período de alta inflação nos Estados Unidos, com uma combinação de choques de oferta (como o aumento do preço do petróleo) e políticas monetárias expansionistas. A inflação chegou a dois dígitos, com picos em torno de 13% em 1979-1980.

. Anos 1980: após a década de 1970, o então presidente do Fed, Paul Volcker, implementou políticas monetárias rigorosas para combater a inflação, com taxas de juros elevadas. Isso resultou em uma recessão curta, mas ajudou a controlar a inflação de maneira eficaz.

. Anos 1990 e 2000: a inflação ficou mais controlada, com a política monetária focada em manter a estabilidade dos preços, geralmente dentro da meta de 2% estabelecida pelo Fed.

. Crise Financeira de 2008 e sua recuperação: a inflação permaneceu baixa durante a recuperação da crise financeira do subprime. Apesar do aumento do déficit fiscal e das políticas de estímulo monetário, ainda assim a inflação não ficou elevada, pelo contrário, houve recuo nas taxas de inflação mês após mês, devido à queda da atividade econômica e à baixa demanda.

. Pandemia de Covid-19: a taxa de inflação passou por significativas flutuações durante e após a pandemia de Covid-19, refletindo tanto os efeitos econômicos da crise sanitária quanto as respostas políticas implementadas pelo governo e pelo Federal Reserve (Fed). Durante a pandemia, o PCE apresentou uma desaceleração acentuada no início de 2020, quando a economia entrou em recessão devido ao fechamento de negócios e à redução no consumo. Contudo, a partir da segunda metade de 2020 e especialmente em 2021, a inflação começou a acelerar, impulsionada por vários fatores, como os estímulos fiscais e monetários massivos (pacotes de ajuda governamental e taxas de juros extremamente baixas), além de interrupções nas cadeias globais de suprimentos e escassez de mão de obra.

Em 2021, o PCE atingiu níveis não vistos em décadas, superando a meta do Fed de 2%, e se manteve em alta durante 2022, com o indicador registrando picos que refletiam tanto o aumento de preços dos bens e serviços quanto a pressão nos custos de energia e alimentos. O processo de recuperação econômica foi desigual e a inflação foi exacerbada pela escassez de produtos e a demanda reprimida por serviços.

. Pós-pandemia: após 2022, o Federal Reserve adotou uma postura mais agressiva, elevando as taxas de juros de forma significativa para tentar controlar a inflação. Essa política de aperto monetário começou a surtir efeito e, em 2023, o PCE começou a mostrar sinais de desaceleração, embora ainda se mantivesse acima da meta de longo prazo do Fed.

Manter taxas de inflação baixas e sob controle impacta positivamente na manutenção do poder de compra do dinheiro das famílias e das empresas ao longo do tempo, o que é crucial para promover a estabilidade da economia, gerar maior grau de previsibilidade para os agentes econômicos, permitir o planejamento financeiro de longo prazo, o que aumenta o nível de confiança no país, incentiva investimentos de mais longa duração, favorece altas taxas de inovação e promove um ambiente mais favorável ao crescimento sustentado da economia. Todos esses efeitos positivos podem ser notavelmente observados na economia dos Estados Unidos, o que lhe confere uma moeda forte e que inspira confiança.

5.2. Fatores que contribuem para uma inflação mais moderada nos EUA

a) Política monetária independente e credibilidade do Banco Central

O Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, tem um mandato claro de promover a estabilidade de preços, maximizar o emprego e manter a credibilidade do sistema financeiro. O Fed utiliza instrumentos de política monetária, como as taxas de juros e operações de mercado aberto, para regular a inflação. A independência do Fed e a credibilidade de suas políticas são fatores fundamentais para manter a inflação sob controle. Essa autonomia permite decisões técnicas baseadas em dados econômicos, sem pressões políticas.

Em contraste, em muitos países emergentes, como o Brasil, a independência dos bancos centrais pode ser limitada por pressões políticas ou econômicas. Isso pode resultar em políticas monetárias menos eficazes para controlar a inflação.

Como explicado anteriormente, a inflação se traduz na perda do poder de compra do dinheiro. Portanto, quanto menor é a capacidade de um Banco Central de controlar a inflação (através da elevação da taxa de juros básica e por meio de outros instrumentos de política monetária), mais depreciada será a moeda nacional face aos pares, maior é a expectativa de alta da inflação futura, maior é a perda do poder de compra do dinheiro e mais fraca torna-se a moeda. Qualquer semelhança com o cenário predominante na história do Brasil não é mera coincidência!

No gráfico abaixo, é possível observar a trajetória das taxas de juros americanas (Federal Funds Rates) promovidas pelos dirigentes do Banco Central nos Estados Unidos:

Fonte: Federal Reserve - federalreserve.gov

b) Estrutura econômica e estabilidade política

Os Estados Unidos têm uma economia altamente desenvolvida e diversificada, com um grande mercado interno e um setor financeiro robusto. Isso permite uma maior estabilidade econômica e uma capacidade mais forte de lidar com choques externos, como crises financeiras globais ou aumentos nos preços de commodities.

Além disso, a estabilidade política dos EUA contribui para a confiança na economia e nas suas políticas econômicas. Já em países emergentes, a instabilidade política, as crises fiscais e a falta de confiança em algumas instituições podem levar a uma inflação mais volátil, maior dificuldade para os agentes econômicos de realizar e executar planejamentos de médio a longo prazo, menores taxas de investimentos e de crescimento econômico, além de tornar o país mais vulnerável a choques externos e outros fatores internos que causam instabilidade.

c) Abertura comercial e flexibilidade do mercado

Os EUA têm um mercado altamente globalizado e uma grande integração com o comércio internacional. Quando há aumentos nos preços de commodities ou choques externos, geralmente, a economia dos EUA consegue absorver esses impactos com mais facilidade, pois tem acesso a uma ampla gama de fornecedores e mercados.

Esse efeito de amortecimento não é tão forte em economias emergentes, que podem depender mais de importações e, portanto, ficar mais expostas a pressões externas de preços.

d) Expectativas de inflação bem ancoradas

Nos Estados Unidos, a cultura de estabilidade de preços e a confiabilidade das políticas monetárias ajudam a manter as expectativas de inflação sob controle. O Fed consegue sinalizar de forma eficaz suas intenções, o que influencia as decisões de consumo e investimento.

Diante de expectativas de inflação futura bem ancoradas, a economia americana como um todo é beneficiada com maior grau de previsibilidade, mais investimentos duradouros, assim como a sua moeda consegue inspirar alto nível de confiança, o que aumenta a demanda por dólares e fortalece ainda mais a divisa.

Já nos países emergentes, a inflação tende a ser mais volátil devido a expectativas instáveis, em parte devido à história de altas taxas de inflação, crises econômicas, políticas fiscais descontroladas e políticas monetárias ineficazes, o que afeta negativamente a performance do país e gera baixo grau de confiança na sua moeda.

Por que economias emergentes como o Brasil são mais inflacionárias?

Nos países emergentes, a inflação tende a ser mais instável e volátil por várias razões:

- Instabilidade política e econômica: em muitos países emergentes, há crises fiscais e políticas frequentes, o que gera desconfiança entre consumidores e investidores. Essa falta de confiança pode se traduzir em alta inflação.

- Dependência de importações: a dependência de importações para bens de consumo e matérias-primas aumenta a vulnerabilidade à flutuação do câmbio e dos preços internacionais, impactando a inflação.

- Menor independência do Banco Central: em muitos países emergentes, os bancos centrais podem estar sujeitos a pressões políticas que influenciam suas políticas monetárias, tornando mais difícil o controle da inflação.

- Choques externos: economias emergentes são mais vulneráveis a choques externos, como variações nos preços de commodities e crises financeiras globais, o que pode gerar inflação elevada.

O Brasil tem uma história de alta volatilidade cambial, com o real sofrendo desvalorizações significativas ao longo das últimas décadas. Fatores como inflação, instabilidade política, incertezas fiscais e crises internas frequentemente pressionam a moeda local para baixo. Por outro lado, o dólar, com sua base econômica sólida e seu papel no sistema financeiro global, tende a se valorizar frente a moedas de países em desenvolvimento, como o real.

É por isso que a inflação do real costuma ser maior do que a do dólar. Na maior parte do tempo, o real perde valor mais rápido do que o dólar. Pelo fato de o real ser a moeda de uma economia emergente, exposta a um maior grau de instabilidades quando comparada às economias desenvolvidas, o real tende a se depreciar mais rápido do que o dólar.

Fonte: Trading Economics, IBGE.

Este descasamento de inflação entre o Brasil e os EUA já nos leva a concluir que o dólar tende a ser mais forte do que o real no longo prazo.

A relação entre a inflação e os retornos dos investimentos é particularmente importante no Brasil. Com uma inflação mais alta, os investidores precisam garantir que seus retornos superem os custos dessa inflação para manter ou aumentar o seu poder de compra. Isso não é uma tarefa fácil, especialmente em um cenário em que os ativos em reais, como ações e títulos públicos, muitas vezes não conseguem acompanhar a pressão inflacionária.

Os investimentos em dólares, por exemplo, têm se mostrado uma alternativa para investidores que buscam proteger seu patrimônio contra a desvalorização do real. A moeda americana tem uma inflação controlada e oferece uma forma de proteção em tempos de instabilidade, além de ser uma reserva de valor confiável no mercado global. No Brasil, ao contrário, os ativos em reais são permanentemente expostos à volatilidade da economia local, o que torna os investimentos mais arriscados e menos previsíveis.

Para brasileiros, isso significa que, ao investir em ativos denominados em dólar (seja por meio de títulos, fundos, ações ou compra direta da moeda), é possível se proteger contra a depreciação do real e até obter ganhos com a valorização do dólar em relação à moeda local. Em tempos de incerteza, como os que o Brasil costuma vivenciar com frequência, ter exposição ao dólar se torna uma forma inteligente de diversificação e proteção patrimonial.

Por que investir no exterior?

Diversificação geográfica e setorial, exposição a moedas fortes, como o dólar, redução do risco Brasil no portfólio e blindagem patrimonial são os principais motivos que levam brasileiros a manter estruturas e investimentos no exterior.

O Brasil está entre as 10 maiores economias do mundo, entretanto, corresponde apenas a 2% do PIB global e quando falamos do tamanho do mercado de investimentos, a representatividade do Brasil é menor ainda. Na Renda Fixa, os ativos brasileiros representam só 1,5% do mercado global. Já na Renda Variável, fica pior: menos de 1%.

Se você ainda não se convenceu, eu tenho mais um argumento arrebatador para você começar a investir em dólar hoje mesmo: o dólar é bastante utilizado como hedge, na função de contrabalancear o portfólio de quem tem exposição ao mercado de ações, uma vez que a moeda americana apresenta baixa correlação com o comportamento da Bolsa de Valores brasileira. O intuito é que em momentos de queda da Bolsa, a moeda americana apresente valorização, protegendo parte da carteira de investimentos.

É fato: o real pode até ter seus momentos de valorização em relação ao dólar, mas isso costuma durar pouco tempo, geralmente está atrelado a algum ciclo econômico favorável a commodities ou a alguma percepção de melhora do quadro fiscal brasileiro, o que não costuma se sustentar por muito tempo.

Além disso, aspectos ligados ao baixo grau de liberdade econômica e de segurança jurídica do Brasil ainda pesam nessa conta, tornando claro que a pergunta certa é: por que não investir no exterior?

Como investir em dólar?

Investir em dólar não significa necessariamente comprar a moeda física.

Existem várias formas de expor seu portfólio à moeda americana, por exemplo:

. Fundos de investimento em dólar: existem fundos específicos no Brasil que aplicam em ativos denominados em dólar, como ações americanas ou títulos de renda fixa.

. Ações, fundos ou ETFs estrangeiros: investir diretamente em ações ou ETFs (fundos de índice) listados nas bolsas dos Estados Unidos, como a NYSE ou a NASDAQ, é uma excelente maneira de se expor à economia americana e ao dólar.

. Títulos públicos americanos: investir em títulos do governo dos EUA pode ser uma forma conservadora de proteger seu capital e se beneficiar da valorização do dólar.

Essas formas de investimentos oferecem uma via prática de aumentar a exposição ao dólar e diversificar o risco cambial, algo essencial para quem vive em um país com flutuações cambiais fortes e recorrentes, como o Brasil.

Como ter uma carteira de investimentos em dólar?

Diante da realidade econômica do Brasil, marcada por uma moeda fraca, instabilidade política e altos níveis de inflação, investir em dólar se configura como uma ação estratégica de proteção. Mais do que uma simples escolha financeira, trata-se de uma medida de legítima defesa contra as adversidades econômicas.

O dólar, como moeda de reserva global e ativo de refúgio, oferece ao investidor uma forma de preservar e até mesmo potencializar o seu patrimônio em um cenário de instabilidade e riscos elevados. Portanto, se você busca proteger o seu poder de compra e o seu futuro financeiro, o investimento em dólar se apresenta como uma alternativa fundamental para navegar em tempos de incerteza econômica e preservar o seu patrimônio ao longo do tempo.

Investir globalmente pode trazer inúmeros benefícios para rentabilizar e proteger o seu patrimônio! A Mazi está pronta para te ajudar a investir no exterior de forma ágil e segura, sem você precisar sair do Brasil. Você conseguirá investir em ações, títulos públicos, bancários e privados, ETFs, fundos de investimentos, imóveis, entre outros ativos, seja por meio de conta bancária no exterior, conta em corretora de investimentos vinculada a um país estrangeiro, ou até mesmo através de plataformas abertas disponíveis a partir da constituição de estruturas offshore (fora do Brasil).

Conquiste seu passaporte global para diversificar seu portfólio, sendo capaz de reduzir a exposição a riscos relacionados especificamente ao Brasil, proteger seu patrimônio da inflação, da desvalorização do real e de arbitrariedades governamentais, além de mitigar os impactos de crises econômicas locais.

Comece agora a sua vida financeira global e desfrute de todas as vantagens de ser um investidor sem fronteiras! Converse com a equipe da Mazi Capital agora mesmo.

Paloma Brum

Head Comercial da Mazi Capital, Economista (Ibmec), Analista de Investimentos CNPI e Consultora CVM com vasta experiência em análise macroeconômica e na alocação de recursos em Renda Fixa e Renda Variável, no mercado brasileiro e no exterior.

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